Às vezes para não magoar os outros nos calamos.
Criamos assim relacionamentos superficiais,
onde cada um pensa que o outro está feliz.
Negamos a nós o direito de sermos transparentes
e ao outro de nos conhecer transparentes e
verdadeiros.
Da mesma forma outros agem conosco,
por medo de decepcionar-nos.
Nos enganamos e somos enganados.
É sinal de amadurecimento o estar
preparado para ouvir o que não agrada,
aquilo com que não se concorda e
difere da nossa maneira de pensar
ou de agir.
Consideramos sensíveis as pessoas às
quais devemos ter cautela para dizer
certas coisas. Mas... não é a sensibilidade
o sentir o que vai dentro do outro e
entendê-lo como se entendesse a si?
As pessoas sensíveis entendem sim, são
as susceptíveis que não entendem.
O susceptível recebe as idéias alheias
como se fosse uma ofensa ao seu eu.
Porém, por que um saberia de todas
as coisas e o outro não?
Por que um compreenderia tudo e
teria sempre uma visão clara das
coisas da vida?
Por que a razão se colocaria sempre de
um lado, deixando outros do lado errado?
Somos seres especiais sim, mas que
aprendem a cada dia.
É importante valorizar-se, mas aprender
também a diferença entre o orgulho
e a humildade.
O Mestre de todos os mestres sabia tudo
e curvou-se para lavar os pés dos seus
discípulos. Não somos maiores que Ele
a ponto de não poder nos curvar vez ou
outra diante do que nos contradiz.
Às vezes nos calamos para não magoar
outros sim. Às vezes recebemos observações
como afrontas ao nosso ego. Incitamos as
pessoas a não serem francas, porque n
egamos nossa franqueza em ouvir e falar.
Mas quem ama, quem ama verdadeiramente,
ouve, reflete, dá o braço a torcer, queda-se,
refaz e constrói relacionamentos reais e
límpidos. Esse jamais estará sozinho...
© Letícia Thompson
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