LOVE SONG
MENSAGENS DE AMOR
23 de ago. de 2008
ESTAR SÓ PODE SER UM JEITO DE AMAR!
Rosana Braga
Costumamos pensar que só ama, de fato e de
direito, quem está com alguém, namorando,
casado ou encaixado dentro de qualquer outra
relação que inclua o outro, necessariamente.
No entanto, estar só também pode ser um jeito
de amar, de relacionar-se, mesmo que
temporariamente.
Todos nós, em algum momento da vida, já nos
encontramos indisponíveis, mesmo que não
comprometidos. Seria como dizer que estamos
em posição de espera; e a espera pode ser
um exercício divino, que inclui paciência,
consciência e, fundamentalmente, presença
de si mesmo!
Então, ama-se só a si mesmo, enquanto se
espera para estar pronto. Ama-se só para
um período de revisão, de recauchutagem,
de reforma interior. Ama-se só para resgatar
em si valores perdidos, defasados, esquecidos,
para voltar a acreditar em algo que se esvaiu
numa decepção, para reformular a alegria,
a vontade de viver, o desejo de compartilhar.
Porque engatar uma relação na outra para
fugir deste amor só, de si consigo mesmo,
é o que muitas pessoas fazem... é o que todos
nós, provavelmente, já fizemos alguma vez.
Entretanto, se em algum momento decidirmos
nos olhar com acolhimento e respeito,
certamente perceberemos que ninguém pode
curar uma ferida que é nossa. E até para que
alguém nos ajude nesta difícil recuperação,
precisamos estar prontos, conectados com
o que há de mais íntimo em nossas almas.
Isto é, amar-se só.
Por outro lado, também existe quem fica
continuadamente sozinho, enclausurado em
seu próprio medo a fim de evitar a reincidência
da dor, para descartar a possibilidade de
"perder" novamente. E esta escolha, da mesma
forma, também não nos remete à evolução,
não nos possibilita uma atualização preciosa
para que o amor compartilhado aconteça.
Neste sentido, estar só pode deixar de ser
incapacidade ou incompetência para se
transformar em ‘expertise’; você pode não
se comprometer com o outro - seja por
decisão pessoal ou circunstancial - para
estar melhor, mais inteiro, mais atraente e
consciente do amor que quer compartilhar,
para que quando o outro chegue, você possa
recepcioná-lo à altura do que tem para oferecer.
Creio que esteja mais do que na hora de
pararmos de impor uma relação direta entre
"estar junto e feliz" e "estar só e abandonado".
Ou seja, estar junto nem sempre significa
estar feliz, assim como estar só pode não ser
sinônimo de abandono. A referência é
interna e pessoal. O centro é o coração de
cada um e, por isso mesmo, a decisão de
ficar ou de ir, de fechar-se ou de se abrir deve
estar baseada na percepção que você tem de
si mesmo, no amor que sabe de si, que
se compartilha amor ou se o singulariza
temporariamente.
Vale esclarecer que não estou defendendo
o não-amor, até porque vocês sabem - não
acredito nisso. Pessoas que insistem em
justificar sua "solidão" em nome da não
necessidade do outro estão, a meu ver,
tentando encobrir uma carência inconsciente,
latente, gritante e muito mais visível do que
imaginam. Todos nós precisamos do outro,
não porque sejamos insuficientes a nós mesmos,
mas porque é no ato de compartilhar vidas
que nos tornamos mais inteiros, mais felizes,
mais humanos.
Quando defendo o amor só - veja! - não deixei
de falar de amor. Falo do amor primeiro, do
essencial, do amor por si. E, sobretudo, falo
de um período e não de uma decisão irrefutável,
como crenças limitantes que não nos levam a
nenhum ganho. De qualquer maneira, continuo,
então, defendendo o amor compartilhado, com
o outro, mesmo que seja somente depois de um
tempo de amor singular!
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