Martha Medeiros
"...Estava voltando para casa dirigindo meu carro quando escutei pelo rádio uma música do Renato Russo em que ele cantava, com uma voz fraquinha, melancólica, algo como "vou seguir minha vida/já que você não me quer mais".
Uma coisa tão corriqueira, mas como dói
Quase todo mundo já passou por isso: gostar muito de alguém, ser correspondido e de repente esta pessoa não lhe querer mais.
Como entender?
É normal se desfazer das coisas.
Não queremos mais uma camiseta que está gasta e a jogamos fora.
Não queremos mais um sorvete porque está enjoando.
Não queremos mais assistir ao programa de tevê que estávamos vendo porque ficou sem graça.
Fazemos isso todo dia: desistimos de algo e partimos pra outra.
Só que a gente não é uma camiseta, um sorvete, um programa de tevê.
Não estamos gastos, não provocamos enjôo, não somos sem graça.
Ao menos não nos consideramos assim.
Mas alguém considera.
Justamente aquela pessoa que a gente mais queria agradar.
É desumano.
Jorge não me quer mais.
Fabiana não me quer mais.
Letícia não me quer mais.
A frase, jamais verbalizada, fica martelando dia e noite na cabeça, como uma sentença de morte da nossa auto-estima.
Logo eu, que sou bem-humorada e carinhosa.
Logo você, que é generoso e poliglota.
Logo nós que somos de carne e osso, plenos de sentimento, com qualidades insuspeitadas e uns poucos defeitos que nem são tão graves.
Logo nós que não tivemos tempo de mostrar todas as nossas aptidões.
Não tem conversa: go out!
A gente sorri e diz que tudo bem, faz parte da vida, não se pode ter tudo... é verdade, mas não é uma verdade fácil de digerir.
Nós, crianças grandes, queremos ser gostadas como fomos por nossos pais quando éramos crianças pequenas.
Queremos que nos achem especiais, que adorem nossa companhia, que riam das nossas gracinhas.
Mas não é mãe nem pai que está aí na rua: é gente normal, que gasta camisetas, enjoa de sorvetes e troca de canal.
Querem você, e às vezes... não querem.
Lidar saudavelmente com isso é que diferencia uma vida perdida de uma vida enfrentada.
"...Estava voltando para casa dirigindo meu carro quando escutei pelo rádio uma música do Renato Russo em que ele cantava, com uma voz fraquinha, melancólica, algo como "vou seguir minha vida/já que você não me quer mais".
Uma coisa tão corriqueira, mas como dói
Quase todo mundo já passou por isso: gostar muito de alguém, ser correspondido e de repente esta pessoa não lhe querer mais.
Como entender?
É normal se desfazer das coisas.
Não queremos mais uma camiseta que está gasta e a jogamos fora.
Não queremos mais um sorvete porque está enjoando.
Não queremos mais assistir ao programa de tevê que estávamos vendo porque ficou sem graça.
Fazemos isso todo dia: desistimos de algo e partimos pra outra.
Só que a gente não é uma camiseta, um sorvete, um programa de tevê.
Não estamos gastos, não provocamos enjôo, não somos sem graça.
Ao menos não nos consideramos assim.
Mas alguém considera.
Justamente aquela pessoa que a gente mais queria agradar.
É desumano.
Jorge não me quer mais.
Fabiana não me quer mais.
Letícia não me quer mais.
A frase, jamais verbalizada, fica martelando dia e noite na cabeça, como uma sentença de morte da nossa auto-estima.
Logo eu, que sou bem-humorada e carinhosa.
Logo você, que é generoso e poliglota.
Logo nós que somos de carne e osso, plenos de sentimento, com qualidades insuspeitadas e uns poucos defeitos que nem são tão graves.
Logo nós que não tivemos tempo de mostrar todas as nossas aptidões.
Não tem conversa: go out!
A gente sorri e diz que tudo bem, faz parte da vida, não se pode ter tudo... é verdade, mas não é uma verdade fácil de digerir.
Nós, crianças grandes, queremos ser gostadas como fomos por nossos pais quando éramos crianças pequenas.
Queremos que nos achem especiais, que adorem nossa companhia, que riam das nossas gracinhas.
Mas não é mãe nem pai que está aí na rua: é gente normal, que gasta camisetas, enjoa de sorvetes e troca de canal.
Querem você, e às vezes... não querem.
Lidar saudavelmente com isso é que diferencia uma vida perdida de uma vida enfrentada.
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