Letícia Thompson
A saudade é esse passarinho que vem de leve
A saudade é esse passarinho que vem de leve
e pousa no nosso coração trazendo lembranças,
como um colibri que beija a flor e traz beleza.
E ela nem escolhe hora ou lugar, só aparece
assim, invadindo inteiramente esse espaço que
consideramos reservado às pessoas ou ocasiões
especiais.
Mas se existe saudade, é porque existem sementinhas
Mas se existe saudade, é porque existem sementinhas
de ternura plantadas em nós; pedacinhos de coisas
boas, que talvez nem tenham ficado muito tempo, mas
o suficiente para deixar um rastro, um sabor, uma
marca, um perfume.
Outro dia, falando sobre a saudade que sinto da minha
Outro dia, falando sobre a saudade que sinto da minha
família virtual, ouvi, com surpresa, alguém dizer que
não é possível sentir saudade de pessoas que nunca
vimos. E como não?
Que nome dar então a essa falta, esse vazio nostálgico,
Que nome dar então a essa falta, esse vazio nostálgico,
dolorido e bom que invade a alma e toma conta do
momento? Essa viagem que fazemos sem malas e
documentos e que nos leva e nos trás, cheios de amor
e de não sei o quê?
A saudade é uma prova, um certificado, carimbado
A saudade é uma prova, um certificado, carimbado
e assinado embaixo de que não estamos inteiramente
sós e nem vazios. As pessoas vêm e vão e ficam assim
se prolongando em nós, existindo pela eternidade
do nosso caminho.
E amanhã ou depois, quando tudo o que sobrar em
E amanhã ou depois, quando tudo o que sobrar em
nós forem pedaços do passado, teremos esse coração
rico em histórias que nos farão rir sozinhos e nos
sentir vivos.
São essas as peças que os verdadeiros amigos pregam
São essas as peças que os verdadeiros amigos pregam
ao nosso coração. Caímos nessa armadilha e ainda
nos divertimos. Aprendemos assim que sentir saudade
é respirar o amor que plantaram em nós. É viver depois
repletos desse amor para a vida toda.
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