QUER ME ENCONTRAR?

Sá de Freitas

Quer me encontrar?
Não me procure na esquina da tristeza;
Nem pelas ruas da angústia;
Não me busque prostrado nos altares,
Só para calejar os joelhos e sair de mãos fechadas,
Aos que precisam de ajuda.
Quer me encontrar?
Nem pense em se achegar de grupinhos,
Onde línguas ferinas destilam veneno,
Para brindarem, em taças de maldade,
Àqueles que, dali, se encontram ausentes.
Tampouco queira achar-me pelos lupanares,
Onde é servido o engano da ilusão fria e passageira,
Com rótulos anunciando sabores de prazer.
Quer encontrar-me?
Não se adentre às mansões, nem aos palacetes;
Nem aos Congressos, às palestras e aos encontros de intelectuais,
Onde tanto se fala, nada se faz, muito se cansa,
E todos pensam que são alguma coisa
Além dos demais.
Quer me encontrar?
Procure-me nas vielas da simplicidade,
Nos logradouros da paz,
Nos jardins da tranquilidade.
No revolver da terra,
Ouvindo a Natureza e conversando com Deus.
Quer me encontrar
Integre-se ao grupo daqueles que sabem que não são ninguém,
Além de simples mortais;
Daqueles que compreendem que nada sabem
E que muito precisam aprender....
E ... me achará.