LOVE SONG

MENSAGENS DE AMOR

4 de mar. de 2011

O AMOR


E alguém disse:
Fala-nos do Amor:

- Quando o amor vos fizer sinal,
segui-o; ainda que os seus caminhos
sejam duros e difíceis. E quando as
suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua
plumagem vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz poder quebrar
os vossos sonhos como o vento norte
ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor vos
engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol, também
penetrará até às raízes sacudindo
o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor, então mais
vale cobrir a nudez e sair do
campo do amor, a caminho
do mundo sem estações,
onde podereis rir, mas
nunca todos os vossos risos,
e chorar, mas nunca todas
as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.
O amor não possui
nem quer ser possuído.
Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão ser estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência
do amor, e sangrar de bom grado
e alegremente.

Acordar de manhã com o coração
cheio e agradecer outro dia de amor.
Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.
Khalil Gibran

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